terça-feira, 15 de setembro de 2009

A Partilha



Estagiário Henrique


“Por que vocês discutem sobre a falta de pão?”
“Quando reparti cinco pães para 4 mil pessoas,

quantos cestos vocês recolheram cheios de pedaços?”



Essas palavras foram ditas por Jesus para os seus Discípulos, que estavam muito preocupados e irrequietos, porque não tinham pão.

Essa inquietude não será conseqüência da falta de confiança na partilha? Se isso já acontecia naquele tempo, imaginemos agora. A nossa sociedade alimenta a cada dia que passa uma cultura egoísta. Nós não confiamos uns nos outros, porque cada um de nós tem os nossos planos pessoais para a realização individual e não social e comunitária. Esse é um dos grandes males que afetam o mundo que nos rodeia e o mundo próprio de cada um de nós.
A partilha exige de mim sacrifício, e o homem hoje não querem sacrifício, por isso, por exemplo, inventou robôs (máquinas) para substituí-lo nos trabalhos.

A partilha exige que eu remova a minha satisfação pessoal para o segundo plano, e procurar o bem-comum, o bem de todos. Era isso que Jesus queria que os Discípulos entendessem, e quer que cada um de nós entenda. Para que haja o bem-comum tem que acontecer a partilha de todos. Todos temos algo a partilhar. Santa Tereza d’Ávila nos diz que “Ninguém é tão rico que não precisa de receber nada, nem ninguém é tão pobre que não possa dar nada”.
Na partilha acontece a multiplicação. Tudo aumenta; aquilo que era pouco se torna muito, e aquilo que era muito aumenta ainda mais. Assim aconteceu quando Jesus mandou partilhar os pães e os peixes com a multidão: “comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos dos pedaços que sobraram.”

Um gesto muito significativo de partilha, que experimentei de uma maneira expressiva aqui na Amazônia eu quero partilhar com vocês. O espírito de comunhão que existe no seio da Igreja local, entre as comunidades e paróquias. Sempre que há um encontro de formação, uma confraternização, cada um (pessoalmente) ou cada comunidade leva qualquer coisa para comer ou para beber, e no fim coloca-se tudo em comum. Eu às vezes fico pensando comigo mesmo, será que não é um peso para as pessoas, “mas elas como não pensam como eu”, fazem com muita alegria; tem sempre comida para todos e ninguém se queixa.
No dia 15 de Agosto celebramos o dia dos Coroinhas (Acólitos). Fizemos uma confraternização com missa, na qual estiveram presentes todos os coroinhas da Paróquia de Bom Jesus (cada comunidade tem 4/5 e até mais coroinhas, e são 13 comunidades), com comes e bebes feito com a doação de cada comunidade. Uns trouxeram “comes” outros “bebes” e no fim tudo era de todos. Não faltou nada para ninguém, pelo contrário, sobraram alguns bolos e doces.
Um outro exemplo é quando há um festejo do Padroeiro em qualquer Paróquia da cidade as outras colaboram com comidas para vender nas barracas, objetos para leilões, e até com presença dos paroquianos.

Enfim, são gestos simples, mas que dizem muito. Nessas pequenas coisas a igreja realiza grandes coisas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A minha viagem para a Paróquia de Jutaí (Amazonia)

Em cima tem a imagem de uma das comunidades do interior durante a época das enchentes.
Estagiário Henrique

Do dia 2-20 de Maio do corrente, eu fiz uma viagem pastoral para as comunidades ribeirinhas da próquia de Jutái. Para quem não sabe, comunidades ribeirinhas são comunidades que ficam fora da cidade, no interior (ao longo dos rios). O único meio de transporte para chegar a essas comunidades é o barco. Foi por meio deste que nós (eu e o Pe Domingos Rocha mais o motorista) chegamos a essas comunidades.

Posso-vos dizer que foi uma experiência que ficará para sempre gravada na minha memória. Mil e umas peripécias ali passei com os jovens e não só. Nessas viagens o cara aprende realmente o que é estar privado de muitas coisas, a que a gente já está acostumado.
Nós visitamos algumas comunidades que ficam no rio jutaí. São 35 comunidades. Das 35 comunidades organizadas, cerca de 20 comunidades têm capela de madeira, construída pelos próprios moradores. Quase todas as comunidades têm catequistas. A maioria das comunidades celebra o Culto Dominical e algumas também fazem o Ajuri da Palavra de Deus (reflexão Bíblica) durante a semana. Pois o Padre vai uma ou duas vezes por ano nessas comunidades. Em algumas comunidades maiores já está organizada a Catequese para Crianças. Pouco a pouco estão levando as outras comunidades a fazerem a mesma coisa.
Nas visitas às comunidades, normalmente o padre chega pelo meio da tarde. Após visitar as famílias, após o jantar (geralmente no barco) há uma reunião com toda a comunidade. Aí se procura avaliar a vida da comunidade como um todo, tanto a nível social como a nível religioso. Há sempre momento para algum tipo de formação e informação. No dia seguinte, pela manhã, acontece a celebração da Eucaristia, do Batismo e do casamento, se houver.

O nosso passa-tempo no barco antes ou depois das atividades com a comunidade era o jogo de UNO. Era eu o Pe Domingos, o Motorista Edinelson (um cara muito legal), e às vezes vem alguns jovens da comunidade nos acompanhar e aprendem rapidinho. Assim era passado o nosso tempo livre.

sábado, 5 de setembro de 2009

Festa Indígena...


Um cheirinho sobre as comunidades indígenas...


Viagem para visitar Caiambé


O barco é o "veículo" principal para se mover nesta parte do mundo. O meu trabalho é todo feito de barco. É uma de minhas muitas viagens.

Visita ao Senhor "Xico Bastos"


Belas são as histórias deste povo sofrido. Desde que cheguei que registo muitas dessas histórias. Xico Bastos que se encontra na rede, não enxergava, nem conseguia andar. Se há trabalho que eu amo fazer são as visitas aos povos ribeirinhos. Ai eu contato todas as comunidades e famílias. Conheço todas as suas lideranças das 63 comunidades. Muitas histórias eu ouço da parte deles em minhas visitas. Uma delas é esta que aqui me faz lembrar esta foto com tão nobre homem que já está junto de Deus. Quando foi esta minha visita estava nos seus últimos dias de vida. Foi desde o tempo de sua juventude um grande catequista sempre empenhado em seu trabalho. Estive com ele apenas dois anos, mas foi como se trabalhasse com ele toda uma vida, pois sempre que o ia visitar eu e seu Xico nos perdíamos com suas histórias. Seu Xico, obrigado por todo o seu testemunho de vida e zelo missionário. Que descanse em paz e que seu testemunho de vida continue ecoando em todos os que ficaram.

Contemplar a beleza da amazônia...

Caros amigos, pela foto se vê que tudo aqui funciona ao ritmo do rio. Contemplar o rio, seja pela manhã ao despertar, seja a seguir ao almoço ou no fim de tarde é a "oração" deste povo que vê no rio uma entidade forte com seres belos, mas ao mesmo tempo horríveis, que nunca ninguém os viu mas que todos respeitam e narram em suas histórias de fim de tarde.

Criança se exibindo com seu "paneiro"

Menino da Catequista Cláudia que eu e a Lúcia visitamos brincando e se exibindo com o paneiro de carregar aamcaxeitra a a mandicoa e outros produtos da roça.

Amiga Lúcia

Aqui fica o registo para a história da visita da amiga Lúcia que por aqui deixou a sua marca de simpatia, amizade e solidariedade. Obrigado Lúcia.